
Na edição da última terça-feira (09/02), por exemplo, dois assuntos em relação aos quais o Jornal da Globo costuma dar muita atenção foram abordados: a questão agrária brasileira e o presidente venezuelano Hugo Chávez. O jornal, é claro, teve o posicionamento costumeiro: “a questão agrária”, para eles, é o problema da “insegurança no campo” que atinge os pobres grandes latifundiários, e o presidente da Venezuela é um ditador maluco que a toda hora aparece com “a última de Hugo Chávez”.
Aí vem a criminalização constante, virulenta e manipuladora dos movimentos sociais e a serie de ironias e deboches contra Chávez, incluindo o desrespeito indireto pelo povo que o elegeu e o reelegeu e o apóia. A “crítica” a Chávez e aos movimentos sociais – e a forma absolutamente desrespeitosa e anti-democrática como essa crítica é feita – são apenas um pequeno pedaço da podridão que chega a cheirar pela TV a cada edição do jornal apresentado por Cristiane Pelajo e William Waack e co-habitado por Arnaldo Jabor, editorialista não-oficial da Rede Globo.
O Jornal da Globo é tecnicamente excelente, tem boas matérias culturais – incluindo um ótimo colunista, Nelson Motta – e costuma escolher suas pautas com precisão, destacando assuntos realmente interessantes e os abordando com uma certa profundidade e viés analítico. Acontece que faz tudo isso para torcer e retorcer com mais precisão o real significado desses fatos dos quais trata. Reflete ali as posições que a Rede Globo apenas sugere em seus outros telejornais. O JG fecha o ciclo, escondendo a verdade atrás de textos debochados e que desrespeitam os atores sociais e a inteligência do telespectador.
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